“Chico, Velho Chico!", já gritava um público fiel no início do novo milênio, refrões como esse e outros eram hinos nas vozes de adolescentes e amantes dos bom e velho rock n'roll, só que com uma pegada diferente, uma coisa meio mágica, pela primeira vez uma geração pauloafonsina cantava seus próprios hinos, contos e histórias, falando de coisas que viviam no seu cotidiano beiras de rio e as quebradas da ilha, além de personagens não-fictícios como o “Velho Xura” ou de histórias verídicas como a de um cara que era filho de Pernambucanos e nascido na Bahia, do “baile perfumado” citando a história do indomável e carismático Lampião e do seu grupo cheio de pauloafonsinos, tendo como a sua primeira dama uma filha de nossa terra, a não tão bela Maria Bonita.
Participávamos naquele momento incrível de um ponto épico cultural em nossa Ilha, vivíamos uma era UNDERGROND onde apareceram rádios, bandas, festas, trupes, tribos e quem viveu nessa época sabe do que estou falando, e sendo assim o grupo Uskarafobia foi com certeza a banda que chegou mais longe, começando em um festival escolar, a banda entrou logo para a lista do Modernismo – Semana Cultural de Paulo Afonso (extinto, mais que seria muito bom se voltasse, mas aí é outra história), nesse festival aparece seu primeiro registro autoral a música “Ninfeta” que entra para grade do CD da 17ª Edição do Festival, com uma pegada bem pop e uma formação totalmente diferente do Power Trio que compõe a banda hoje.
Ainda naquela época a banda foi mudando de componentes e de atitude musical com uma pegada mais pesada introduziu ao público covers perfeitos de bandas de renome mundial como Led Zeppelin, System Of A Down, Metallica entre outras músicas eternizadas mundialmente, tudo que o público daquela época desejava ouvir, um som que todos já conheciam em um show ao vivo em nossa ilha, só que a banda queria mais e fez, introduziu aos ouvidos do público uma pegada Metal misturando o rock pesado com letras que falavam na maioria de nosso cotidiano e esses refrões como já citei antes começaram a se sonorizar nas vozes do público, gritos ecoavam nas rodas punk como “Correndo Risco”, “Overdrive na Rabeca”, “Fuck Hawaii”, “No velho dique tomar aquele vinho” já eram normais nos bate-papos entre jovens amantes da boa música, os pagodões da época já dividiam os shows com as bandas de rock de nossa cidade, e em meio a uma das grandes Copas de Velas realizadas em Paulo Afonso dividiu palco com bandas de renome do cenário musical nacional como Charlie Brown Jr e Cidade Negra e outras bandas do cenário baiano na melhor época da festa de rua.
A banda chegou a encantar ouvidos a distâncias surreais naquele tempo, quando não se tinha a facilidade do uso da internet, Uskarafobia apareceu em produções globais tais como o Esporte Espetacular, Alta Tensão e Fantástico, também fez parte da trilha esportiva musical de programas da ESPN e ficou em primeiro lugar entre as mais pedidas no programa da Transamérica online no Japão. Depois de discordâncias sobre os parâmetros adotados pela banda sobre o que fazer para levar a banda para fora da Ilha o grupo entrou em abalo, assim afastando músicos de sua principal formação e deu um tempo nos trabalhos.
O retorno da Carranca, termo usado pela capa do seu primeiro EP de quatro músicas, tinha como figura de capa a imagem da carranca, Uskarafobia volta hoje com outra cara, outra pegada, com músicos mais experientes e centrados em uma única coisa que é fazer a banda acontecer, a banda hoje tem formato POWER TRIO conta com dois dos principais integrantes da banda em sua época áurea, Henrique Menezes no baixo e Sílvio Jr ( Jotaerre como é mais conhecido no cenário musical) tocando sua guitarra e assumindo o vocal da banda e conta também com a pegada forte e pesada de Felipe Augusto o “Urso” na bateria, com essa formação a banda está em trabalho de finalização de um novo disco com doze novas faixas, sem perder em nada o peso de sempre e a ideia regional que marcou o grupo anos atrás, o disco será lançado ainda no primeiro semestre deste ano fomentando o cenário musical atual que começa a aparecer como maduro e real e não só passageiro.
Discografia da Banda:
Faixa 12 - Ninfeta
Primeiro registro da banda em estúdio.
EP com 4 faixas da Banda.
Registro ao vivo da banda, o disco vem com versões ao vivo das músicas da banda e covers clássicos de bandas como Led Zeppelin, System of a Down, Chico Science e Nação Zumbi, entre outras.
Um dos discos mais icônicos da música da nossa região, o "Medo de ficar de cara", deixou marcas eternas na galera da época, músicas "Overdrive na rebaca", "Correndo Risco", Fuck Hawaii", Injustiça", entre outra ficaram gravadas na cabeça dos fãs da banda, e sem falar de "Velho Chico" que se tornou hino e carro chefe de toda uma geração.
Matéria de capa da primeira edição da Revista Paulo Afonsom, lançada em Abril de 2013.
